30.1.06

Estrangeirismo: «portfolio»

Teima mas não apostes


      Agora os professores têm de fazer umas fichas para os alunos escreverem nelas vários textos ao longo do ano. O conjunto irá constituir o chamado «portfolio». Assim mesmo, à inglesa, que é mais sofisticado. O Grande Dicionário de Língua Portuguesa regista apenas «porta-fólio», enquanto o magnífico Dicionário Houaiss regista o par «porta-fólio» e «portefólio». O Dicionário da Academia, por sua vez, ignora completamente o vocábulo. Ora, podendo o Ministério da Educação ter escolhido entre porta-fólio e portefólio, e este último apresenta a vantagem de ser a forma como normalmente se pronuncia, recaiu logo a escolha num estrangeirismo. E lá estão as criancinhas deste país a escrever e a ler «portfolio». A quem incumbe então a defesa da língua?
      A verdade é que eu não sabia se a palavra assim escrita tinha origem no Ministério da Educação. Era um argumento indutivo, o que não passava de uma generalização construída a partir de uma determinada amostra: comprovei que a palavra fora usada por três professores de três localidades diferentes. Para não correr o risco de a minha afirmação ser uma falácia da estatística insuficiente, resolvi contactar a Associação de Professores de Português (APP). Que sim, responderam-me, o Ministério da Educação escreveu e «mandou» escrever desta maneira.

3 comentários:

emn disse...

o Ministério também «mandou» escrever no exemplar que enviou a todos os professores de Português, como exemplo de paronímia, «expremer». Muito bem. Se se escreve expremer (agora) também passo a utilizar 'portfolio'.

emn disse...

e «saíu» repetido muitas vezes.......

Franco e Silva disse...

PORTA-FÓLIO; PORTA-FÓLIOS
Só lembrar:
Já assim era no Vocabulário Ortográfico de Língua Portuguesa, da Academia de Ciências de Lisboa (1940) e no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa, de F. Rebelo Gonçalves, Coimbra Ed. (1966)