25.1.08

Acordo Ortográfico: nomes próprios

Isto é comigo

      Numa escola muito bem cotada, dessas que estão no «ranking», disseram-me ontem, uma professora já avisou os alunos de que estamos a entrar numa fase transitória, como aconteceu com a adopção do euro, quis precisar, em que as pessoas cujo nome começa com h devem abolir este. Uma aluna mais atenta até reteve uma informação suplementar: o verbo haver também vai perder o h. Aver. Que lá se avenham. Só acharia que era uma anedota se não confiasse na pessoa que me contou e se — principalmente, confesso — não tivesse lido já este ano uma consulta ao Ciberdúvidas em que um médico, Hugo Pacheco, perguntava se o seu nome continuaria a escrever-se da mesma forma. Uma professora, um médico (e também professor, se se trata da mesma pessoa que é assistente convidado no Departamento de Ciências Médicas da Universidade da Beira Interior)… Se se tratasse, sei lá, de uma cabeleireira aqui de Benfica, eu ainda perdoava. Assim, só me apetece emigrar. No meu caso, a mudança teria efeitos retroactivos e, digamos, genésicos: eu, que sou o filho mais novo, passava a ser o mais velho: Elder. Pior seria para o poeta Erberto Elder, coitado. Seria quase um heterónimo. O País está maluco, doente. E não se vai curar com estes médicos.

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