15.8.09

Sobre «clubístico»

Os suspeitos do costume

      O tal revisor também fica transtornado quando vê — e vê, pelo menos, uma vez por semana — a palavra «clubístico». «Paixão clubística»? Embora atribua todos os males da língua portuguesa à influência, que considera deletéria, dos Brasileiros («as telenovelas vieram acabar com a pureza da língua»), neste caso tem uma explicação mais esotérica: suspeita que o vocábulo «mística», também usado no jornalismo desportivo, anda envolvido na corrupção. «“Clubístico” não existe. Veja.» Mostra-me a 4.ª edição do Dicionário da Língua Portuguesa da Porto Editora, praticamente a única obra de consulta de que dispõem ali. «Existe é “clubista”.»
      O que se pode ver é que a criação de adjectivos relacionais mediante o sufixo –ístico é relativamente comum no âmbito de actividades desportivas e profissionais: futebolístico, pianístico, tenístico, turfístico, etc. Uma pesquisa no Dicionário Houaiss revela a existência de 169 verbetes terminados em –ístico. E se não acolhe clubístico, regista cineclubístico. Até no Livro de Estilo do Público é usado o termo: «Uma das normas de conduta dos jornalistas do PÚBLICO é o não envolvimento público em tomadas de posição de carácter político, comercial, religioso, militar, clubístico ou outras que, de algum modo, comprometam a imagem de independência do jornal e dos seus jornalistas.» E a MorDebe regista o vocábulo.

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